segunda-feira, 25 de maio de 2015

Empresários cearenses e o PCC participam de tráfico aéreo

Em meio a uma rede de tráfico aéreo que movimenta grandes quantidades de droga em três continentes, o Ceará é visto como ponto estratégico para a distribuição de narcóticos. As apurações da Polícia Federal (PF) deram conta de rotas em que a cocaína sai da Região Andina, entra no Brasil pela Região Norte e quando chega aqui é distribuída para a Europa e África. Membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) participam da negociação, que seria financiada por grandes empresários cearenses, conforme a PF.


O Diário do Nordeste publicará durante três dias uma série de reportagens contando detalhes do esquema criminoso. De acordo com o delegado Janderlyer Lima, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, os três monomotores que traziam mais de 800Kg de cocaína do exterior para o Ceará apreendidos do dia 11 de abril até agora, foram contratados por quadrilhas ricas e bem estruturadas, que têm contatos em diversas categorias, incluindo o empresariado e servidores públicos de várias instituições.

"Este é um sistema complexo, o tráfico tem uma logística muito bem elaborada. Há uma rede montada por pessoas que já conhecem todo o trâmite para que grandes quantidades de droga voem clandestinamente, sem serem percebidas pelo esquema de segurança que existe para detectá-las. Em relação ao Ceará, não existe um cartel, são diversas quadrilhas que enviam drogas de outros Países para cá. Embora se comuniquem entre si, são bandos diferentes", declarou Lima.

Segundo o delegado, o próximo passo das investigações é a prisão dos responsáveis por trazer os entorpecentes para o Estado. Isto inclui os traficantes que manipulam a droga e também quem financia o esquema.

"Os 'importadores' dos entorpecentes são pessoas que se travestem de grandes empresários cearenses, mas são de fato financiadores do tráfico. Não tocam na droga, não sujam as mãos, mas auferem lucros elevadíssimos com o sistema. Eram eles os reais responsáveis pela cocaína apreendida nas aeronaves", declarou o titular da DRE.

Intermediários

Segundo o delegado, a negociação da cocaína é feita por integrantes do PCC, que são intermediários entre pessoas enviadas por traficantes da Região Andina, com os representantes de empresários cearenses. "A rede de negociação parece com a dos produtos lícitos. É preciso que existam garantias. Muita gente faz parte da teia, já prendemos até um PM do Paraguai, que estava aqui fazendo o serviço de atravessador do esquema", revelou.

Janderlyer Lima afirmou que empresários que estão lucrando com o tráfico aéreo de drogas já foram identificados e estão passando por investigações financeiras. "Temos nomes, ramos de atuação, mas para prendê-los é preciso que algo comprove suas verdadeiras fontes de renda".

Denúncias

A PF pede que quem tiver informações, que possam ajudar nestas investigações, entre em contato com a DRE pelo número 3392-4933. O sigilo é garantido


DIÁRIO DO NORDESTE Márcia Feitosa Repórter

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